A maior parte dos primeiros anos de vida de Marie Dentière não é conhecida. Nasceu em uma família relativamente abastada e ingressou bem jovem em um convento agostiniano. Foi eleita abadessa, mas, devido às pregações de Martinho Lutero contra a vida monástica, abandonou sua posição e uniu-se à Reforma. Fugiu para Estrasburgo para escapar da perseguição. Esta cidade prontamente se converteu em um conhecido refúgio dos protestantes da época.
Durante sua estadia em Estrasburgo casou-se em 1528 com Simão Roberto, um jovem ministro, com quem teria dois filhos. Ele faleceu em 1533, cinco anos após o casamento. Viúva, casou-se com Antônio Froment, também pregador, que acompanhava a Guilherme Farel em Genebra. A pregação pública de Marie Dentière irritou Farel e Calvino, provocando uma forte discussão entre os três reformadores.
A pregação de Marie Dentière destaca a importância de reformar as crenças religiosas da época, mas também a necessidade de ampliar o papel das mulheres na religião. Para Marie Dentière, as mulheres e os homens estão igualmente qualificados para interpretas as Sagradas Escrituras e os aspectos práticos da fé.
Na Genebra de 1536, devido à bem-sucedida rebelião contra o Duque de Savóia e o arcebispo, Marie Dentière compôs “A guerra e a libertação da cidade de Genebra”, publicado anonimamente. O escrito chamava os genebrinos a unirem-se à Reforma.
Em 1539, Dentiére escreveu uma carta aberta a Margarita de Navarra, irmã do Rei da França, Francisco I, intitulada Espistre tres utile (O título completo em português é "Epístola muito útil, escrita y composta por uma mulher cristã de Tournay, enviada ao Reino de Navarra, irmã do Rei da França, contra os turcos, judeus, infiéis, falsos cristãos, anabatistas e luteranos"). Na carta, ela incitava a expulsão do clero católico da França e criticava a estupidez dos protestantes que obrigaram a Calvino e Farel a abandonar Genebra. A carta foi rapidamente proibida por seu teor abertamente subversivo.
Apesar da qualidade de seus escritos teológicos, Marie Dentière sofreu perseguição e incompreensão tanto por parte das autoridades católicas como pelos próprios reformadores genebrinos, que impediram a publicação de qualquer texto escrito por uma mulher na cidade durante o resto do século XVI.
Em 3 de novembro de 2002 seu nome foi gravado no Monumento Internacional da Reforma, em Genebra, por sua contribuição à história e à teologia da Reforma, tornando-se a primeira mulher a receber tal reconhecimento.
Fonte: Wikipedia
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