por Alderi de Souza Matos
1. Princípios da Reforma: sola
gratia, sola fides, solus
Christus, sacerdócio universal dos fiéis, sola
Scriptura.
2. Sola
Scriptura: somente a Escritura é a suprema autoridade em
matéria de vida e doutrina; só ela é o árbitro de todas as controvérsias (= a
supremacia das Escrituras). Ela é a norma normanda ("norma determinante") e não
a norma normata ("norma determinada") para
todas as decisões de fé e vida.
3. A autoridade da Escritura é superior à da Igreja e da tradição.
Contra a afirmação católica: "a igreja ensina" ou "a tradição
ensina," os reformadores afirmavam: "a Escritura ensina."
4. A experiência pessoal dos
reformadores com as
Escrituras e com o Cristo revelado nas Escrituras. Lutero: "Quando eu
estava com 20 anos de idade, eu ainda não havia visto uma Bíblia. Eu achava que
não existiam evangelhos ou epístolas exceto as que estavam escritas nas
liturgias dominicais. Finalmente, encontrei uma Bíblia na biblioteca e levei-a
comigo para o mosteiro. Eu comecei a ler, reler e ler tudo novamente, para
grande surpresa do Dr. Staupitz."
5. Para os
reformadores, a Bíblia não era um livro de doutrinas e proposições a serem
aceitas intelectualmente ou mediante a autoridade da igreja, mas uma revelação
direta, viva e pessoal de Deus, acessível a qualquer pessoa.
6. Daí a
preocupação de colocar as Escrituras nas línguas
vernaculares. Lutero e sua tradução no castelo de Wartburgo. Calvino e sua
introdução ao Novo Testamento francês de seu primo Robert Olivétan (1535).
7. A autoridade das Escrituras é intrínseca: a Igreja não confere
autoridade às Escrituras, mas apenas a reconhece. Essa autoridade decorre da
origem divina das Escrituras.
8. Existem
evidências internas e externas da inspiração e divina autoridade das
Escrituras, mas estes atributos não são passíveis de "prova." A única
evidência que importa é o "testemunho interno do Espírito" no
coração do leitor. Ênfase de Calvino: "A menos que haja essa certeza [pelo
testemunho do Espírito], que é maior e mais forte que qualquer juízo humano,
será fútil defender a autoridade da Escritura através de argumentos, ou
apoiá-la com o consenso da Igreja, ou fortalecê-lo com outros auxílios. A menos
que seja posto este fundamento, ela sempre permanecerá incerta" (8.1.71).
9. A Igreja não se
coloca acima da Escritura pelo fato de ter definido o seu cânon (Novo Testamento). A Igreja apenas
reconheceu o que já era aceito há muito tempo pelos cristãos. Paralelo: a
observância do domingo e sua oficialização por Constantino. A afirmação de que
a igreja estabeleceu o cânon é verdadeira; mas o evangelho estabeleceu a
igreja, e a autoridade da Escritura não está no cânon, mas no evangelho.
10. Não foi a
igreja que formou a Escritura, mas vice-versa. A Igreja está edificada
"sobre o fundamento dos apóstolos e profetas" (Ef 2:20), ou seja, o
evangelho, que está contido nas Escrituras e é a sua essência. Lutero: a
igreja, longe de ter prioridade sobre a Escritura, é na realidade uma criação
da Escritura, nascida do ventre da Escritura.
11. Por isso, Cristo é o centro e a chave das
Escrituras (ênfase especial
dos reformadores). A Escritura se interpreta a si mesma ("analogia da
Escritura"), sempre à luz do princípio cristológico. A mensagem
central da Bíblia, o evangelho, é a única chave para a interpretação bíblica.
12. Essa ênfase
cristocêntrica, levou Lutero a estabelecer distinções entre os livros da
Bíblia. Nem todos revelam a Cristo com igual clareza. Os evangelhos e Paulo o
fazem de maneira profunda. Já a carta de Tiago tem uma limitada ênfase
cristológica ("epístola de palha").
13. A interpretação alegórica e os múltiplos sentidos atribuídos à
Escritura, obscurecem a sua mensagem. Os reformadores deram ênfase ao sentido
comum, histórico-gramatical.
14. Os "entusiastas"
estavam errados ao apelarem para revelações diretas fora das Escrituras. O
Espírito Santo é o autor último das Escrituras, o inspirador dos profetas e
apóstolos. Ele não pode contradizer-se.
15. Por outro lado,
o "princípio do livre exame" não significa interpretar as
Escrituras de modo subjetivo e exclusivista. É preciso levar em conta a
história e o testemunho da Igreja. Os reformadores não sentiram a necessidade
de abandonar os credos do cristianismo antigo e o testemunho dos Pais da
Igreja. Todos estes, porém, devem ser julgados e avaliados pela Escritura.
16. Lutero nada
sabia de um conhecimento puramente objetivo, desinteressado ou erudito da
Bíblia. "A Palavra de Deus é viva. Isto significa que ela vivifica aqueles
que nela crêem. Portanto, devemos correr para ela antes de perecermos e
morrermos." A experiência é necessária para o entendimento da Palavra:
esta não deve ser simplesmente repetida ou conhecida, mas vivida e sentida. Na
Escritura o Deus vivo e verdadeiro sempre confronta o leitor em julgamento e
graça.
17. Alguns textos
relevantes: Sl 19:7-11; Sl 119; Jo 5:39; Rm 15:4; 2 Tm 3:16-17.
FONTE: Monergismo
Maravilhoso! Gosto muito de ler o que o Rev. Alderi escreve.
ResponderExcluir