
por Atila Calumby
“Mas, uma vez que certos espíritos frenéticos excitaram graves perturbações na Igreja em nosso tempo por causa do pedobatismo, mesmo agora não deixam de produzir tumultos, nada posso fazer senão adicionar aqui um apêndice com o fim de coibir-lhes as fúrias...” (João Calvino)
“Mas, uma vez que certos espíritos frenéticos excitaram graves perturbações na Igreja em nosso tempo por causa do pedobatismo, mesmo agora não deixam de produzir tumultos, nada posso fazer senão adicionar aqui um apêndice com o fim de coibir-lhes as fúrias...” (João Calvino)
Pois bem, parece que não foi somente nos tempos de
Calvino que pessoas tem se levantado contra o verdadeiro entendimento dos
sinais da aliança dada por Deus como estatuto perpétuo a Abraão e posteriormente
a Moisés. E que permanecerão essencialmente e eternamente através do
Novo testamento.
Tentarei fazer um breve resumo desta tão vasta doutrina,
interligada a tantas e tantas outras, para que de uma forma bem simples possa
ser entendida até pelos mais indoutos.
Não vou me ater ao período anterior a Abraão, até por que
quanto mais extenso o texto, menos pessoas o lerão. E aqui começa nossa odisseia
dentro do pacto da graça e seus símbolos em distintas dispensações.
Aprouve a Deus chamar um Homem, chamado Abrão e fazer com
ele um Pacto, que serviria para ele e toda sua posteridade como estatuto
perpétuo:
“... e
falou Deus com ele, dizendo: Quanto a mim, eis a minha aliança
contigo: serás o pai de muitas nações; E não se chamará mais o teu
nome Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por pai de muitas nações
te tenho posto; E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei
nações, e reis sairão de ti;
E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti. E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-ei o seu Deus. Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações.
Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado.
E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós. (Gênesis 17:3-11)
E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti. E te darei a ti e à tua descendência depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão e ser-lhes-ei o seu Deus. Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações.
Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado.
E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós. (Gênesis 17:3-11)
Antes de discorrer sobre tal doutrina, é
importante que eu já abra um parêntese para dizer que da mesma maneira como o
povo da circuncisão (os judeus) no antigo pacto eram conhecidos como Filhos de Abraão
por manterem a aliança dada ao seu Pai. Assim também no Novo Pacto (não Novo
no sentido de algo realmente iniciado do nada, mas no sentido de renovação, do
grego kainós), Deus enxertou aos Filhos de Abraão os gentios, e deu a eles o
direito de serem feitos coerdeiros da aliança filhos do novo pacto: “Sabei, pois, que os que são da fé são
filhos de Abraão.” (Gálatas
3:7).
Logo, confiados em Deus e nas Escrituras,
podemos dizer que somos filhos de Abraão tão quanto os Judeus no Antigo Pacto o
eram.
Sabendo agora que pertencemos ao mesmo
pacto que Abraão foi chamado, devemos manter-se cumprindo dentro desse RENOVADO
Pacto os sinais de nossa Aliança com Deus, a saber, o Batismo que aponta exatamente
para as mesmas coisas que a Circuncisão apontava no seio da antiga aliança.
Sabemos que o conceito de Sacramento,
segundo nossa Teologia Reformada é: “Os sacramentos são
santos sinais e selos do pacto da graça, imediatamente instituídos por Deus
para representar Cristo e os seus benefícios e confirmar o nosso interesse
nele, bem como para fazer uma diferença visível entre os que pertencem à Igreja
e o resto do mundo, e solenemente obrigá-los ao serviço de Deus em Cristo,
segundo a sua palavra.” (CFW)
O Reformador John Knox sabiamente escreveu:
Assim como os patriarcas
sob a Lei, além da realidade dos sacrifícios, tinham dois sacramentos
principais, isto é, a circuncisão e a páscoa, e aqueles que os desprezavam e
negligenciavam não eram contados entre o povo de Deus, assim nós também
reconhecemos e confessamos que agora, na era do Evangelho, só temos dois
sacramentos principais, instituídos por Cristo e ordenados para uso de todos os
que desejam ser considerados membros de seu corpo, isto é, o Batismo e a Ceia
ou Mesa do Senhor, também chamada popularmente Comunhão do seu Corpo e do seu
Sangue.
John Knox afirma sabiamente o que é claramente é visto na
Escritura que ambos os sacramentos, de forma comparativa, tanto a Circuncisão
quanto a Pascoa apontam exatamente para as mesmas coisas que o Batismo e a Santa
Ceia. Duas Grandes Ordenanças de Deus ao Povo, tanto do antigo pacto, como no Novo
Pacto.
Um dos Pilares da Chamada Teologia do Pacto, é que
pertencemos a mesma Igreja do Antigo Testamento, e que em ambos os momentos estamos
sob a Graça de Deus. Outra coisa é que no Pacto Renovado (Novo- kainós),
permaneceu toda a essência do antigo, sem, no entanto permanecer as formas,
isso se da no culto, nos sacramentos e em outros aspectos.
Apesar da Renovação ter mudado a forma visível dos dois
grandes sinais do antigo pacto como eu já disse o significado continuam os
mesmos... (Me aterei apenas a questão do Batismo).
Muitos alegam que a Circuncisão no Novo testamento não
aponta para o Batismo, pois a circuncisão do crente é dentro do Coração, mas esquecem
de que a verdadeira circuncisão do Judeu dentro do antigo pacto também era
dentro do Coração.
Moises diz: “Tão-somente o SENHOR se agradou de teus pais para os
amar; e a vós, descendência deles, escolheu, depois deles, de todos os povos
como neste dia se vê. Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração,
e não mais endureçais a vossa cerviz. (Deuteronômio
10:15-16).
É justamente isso que o Apostolo Paulo
fala em Romanos: Mas é Judeu o que o é
no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra;
(Romanos 2:29)
(Romanos 2:29)
Paulo (assim como Moisés) fala que a
verdadeira circuncisão acontece no coração do Judeu. Isso indica que mesmo no
tempo em que o sinal visível era a circuncisão na carne do prepúcio, ela não
passava de um meio de Graça que indicava um sinal externo de uma graça
interna. Assim como o Batismo aponta um sinal externo de uma graça interna, Por
que verdadeiramente é batizado quem o é interiormente, aquele que foi lavado
pelo sangue, mortificado com Cristo e Purificado de seus pecados.
Por isso o Apostolo Paulo é categórico em
afirmar que nós gentios estamos também circuncisados por que fomos sepultados
com Cristo pelo Batismo: “No qual também
estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo
dos pecados da carne, a circuncisão de Cristo;
Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos. (Colossenses 2:11-12)
Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos. (Colossenses 2:11-12)
Mas isso gera a grande dúvida, mas se
eles apontam para isso, não é necessário ter fé para participar? E as crianças?
Porque as Batizamos então?
Oras,
por que como disse bem Calvino:
“Quando o Senhor manda Abraão observar a
circuncisão, ele prefacia que será o Deus dele e de sua semente,
acrescentando que nele estavam a afluência e a suficiência de todas as coisas,
para que Abraão tivesse consciência de que sua mão haveria de ser-lhe a fonte
de todo bem [Gn 17.1-10];
E diz mais...
Os filhos dos judeus, sendo também feitos herdeiros desse
pacto, uma vez que se distinguiam dos filhos dos ímpios eram chamados semente santa [Es 9.2; Is6.13];
pela mesma razão, ainda agora, os filhos dos cristãos são considerados santos,
ainda que nascidos só de um genitor fiel; e, segundo o testemunho do Apóstolo [1Co
1.14], eles diferem da semente imunda dos idólatras.
Ora, quando o Senhor, imediatamente após ser firmado o
pacto com Abraão, preceituou que nas crianças fosse assinalado um sacramento exterior [Gn 17.12],
que justificativa, pois, podem os cristãos alegar para não atestarem e selarem
hoje também em seus filhos?
O pacto é comum; comum é a razão de confirmá-lo. Só o
modo de confirmar é diverso, porque àqueles era a circuncisão, a qual foi
substituída pelo batismo. porque o sinal de Deus, comunicado à criança como um selo
impresso, confirma a promessa dada ao pai piedoso e declara ter sido ratificado
que o Senhor há de ser por Deus não só a ele, mas também à sua
semente; nem quer que sua bondade e graça sejam acompanhadas não só por ele,
mas ainda por sua posteridade até a milésima geração [Ex 20.6; Dt 5.19]. No
qual primeiramente brilha a bondade de Deus para glorificar e enaltecer seu
nome; e, segundo, para consolar ao homem fiel e dar-lhe maior ânimo para
entregar-se totalmente a Deus, ao ver que não só se preocupa com ele, mas
também com seus filhos e sua posteridade.
Com isso não há desculpa
para a ausência dos filhos dos crentes no Batismo, pois são igualmente santos,
como os filhos dos judeus eram santos, no antigo pacto.
Se deveras afirmamos
que pertencemos à descendência de Abraão e que fomos incluídos a esse pacto,
que somos corpo de Cristo e membros da mesma Igreja, negar todas essas verdades
bíblicas é jogar todo o antigo pacto num dispensação morta que pra nada serve a
não ser o que foi escrito diretamente sobre as paginas do Novo testamento.
Graça e Paz Amado, primeiramente obrigado pelo texto bem escrito, mas me fica uma pergunta como um jovem cristão na caminhada, devemos então apoiar o batismo não conciente por assim dizer os dos recém nascidos e das crianças ainda muito jovens???
ResponderExcluirA religião é um pessoal durante todo o tempo. Ninguém poderá professar fé por seus pequenos santos. Não consigo entender nada parecido na bíblia. As crianças foram até Jesus, Ele não batizou a nenhuma delas.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir